No Caminho dos tropeiros, a história interrompida!

out 24, 2022 editorial Destaques, Notícias 0

Membros da comitiva e da comissão de recepção, na centenária capelinha (Foto Divulgação | CS)

Depois de pouco mais de dois meses e perto de 900 quilômetros de tranquila cavalgada, desde a localidade gaúcha de Cruz Alta, uma comitiva de cavaleiros paulistas em viagem de resgate histórico do antigo Caminho das Tropas até a cidade de Sorocaba, em São Paulo, experimentou uma adversidade no Paraná.

Merecedores de calorosa recepção no município de Balsa Nova e de um dia inteiro de eventos no distrito de São Luiz do Purunã – coração, em território paranaense, da pioneira via de integração e comércio entre o sul e o sudeste nos tempos do Brasil colonial e imperial –, eles foram impedidos, na manhã seguinte, de seguir a viagem pelo trajeto original do caminho.

“Os herdeiros da fazenda do falecido engenheiro, historiador e escritor José Carlos Veiga Lopes, por onde atravessa cerca de um quilômetro da rota, não liberaram, infelizmente, o trânsito da comitiva, apesar de termos, inclusive, encaminhado ofício solicitando a permissão para tanto e nos responsabilizado pela travessia”, explica Carlos Solera, conselheiro do Instituto Purunã, ente sem fins lucrativos criado para fomentar o turismo na região de São Luiz do Purunã.

“Foi um mal-estar geral!”, complementa Solera ao comentar a decisão de se adotar medidas cabíveis para manter permanentemente liderado, como servidão de passagem histórica, esse pequeno pedaço do Caminho das Tropas.

Diante do ocorrido e em função dos perigos de uma cavalgada pelo acostamento da Rodovia do Café, os cavaleiros e suas montarias precisaram, na saída de São Luiz do Purunã, ser transportados em veículos de carga para contornar o trecho interrompido e retomar o traçado primitivo.

A comitiva dos cavaleiros paulistas passou por Balsa Nova semana passada, recebendo atenções do prefeito, vereadores e lideranças locais. No município, aconteceram paradas na centenária Capela Nossa Senhora da Conceição do Tamanduá (erguida pelos Carmelitas, em 1730), no Instituto Purunã (com a presença de senhor Miguel, último tropeiro da comunidade, com 93 anos), em escola, para relatos a alunos e professores sobre o histórico caminho e a experiência dessa cavalgada, e também na Fazenda Cainã, onde foi oferecido jantar e pernoite.

Em tempo: distante pouco mais de 45 quilômetros da capital Curitiba, São Luiz do Purunã é uma das regiões mais turísticas do Paraná. Além de guardar muitas lembranças dos tropeiros de outrora, possui natureza exuberante, estradinhas de chão e trilhas para passeios, e variada oferta de opções de hospedagem e gastronomia.