O barato que pode sair muito caro

set 19, 2022 editorial Destaques, Opinião 0

Rodrigo Góes (Foto Divulgação | Broto Comunicação)

Rodrigo Góes*

Com a alta do diesel e a retomada do turismo pós-pandemia, os preços das passagens aéreas quase duplicaram no último ano. E uma alternativa encontrada pelos brasileiros para não renunciar às merecidas férias tem sido a compra de passagens aéreas e pacotes de viagens com datas flexíveis. Contudo, eu tenho observado que às mesmas têm sido alvo de críticas após uma série de denúncias de clientes que tiveram suas compras canceladas em cima da hora.

No maior site de reclamações sobre empresas, por exemplo, as queixas se multiplicaram nos últimos seis meses e já ultrapassaram a casa das 20 mil. Essas companhias oferecem preços atrativos para receber o pagamento antecipado, mas não dão qualquer garantia ao cliente. É por isso que os sites de reclamações já estão cheios de depoimentos de pessoas que adquiriram passagens ou pacotes flexíveis e tiveram suas férias canceladas em cima da hora. O Procon já está monitorando a maioria dessas ofertas que estão muito abaixo dos preços para acionar as empresas.

Eu sempre falo por onde vou que a educação financeira em milhas é fundamental para quem não quer ficar refém desse tipo de promoção, que pode arruinar uma experiência de lazer de uma família. Quem tem educação financeira não se submete a desesperos como esses, porque sabe como multiplicar as próprias milhas. Com isso, emitem suas passagens pagando muito pouco, ou nada, e tendo todas as informações na hora da compra, com garantias e sem desconfiança.

É importante que o consumidor sempre observe se a empresa onde está comprando fornece os vouchers originais com as datas e os números dos localizadores das reservas. Sem eles, o cliente não tem como comprovar sua compra diretamente com a empresa de aviação. Além disso, as companhias aéreas só disponibilizam passagens até 11 meses antes da data, então é no mínimo suspeito essas empresas oferecem oportunidades para daqui a dois anos.

Eu mesmo já passei por esse processo de aprendizado em casa, antes de ensinar outras pessoas. Aprendi a gerenciar minhas contas de casa e os gastos nos cartões para gerar mais milhas e, com isso, já viajei por mais de 40 países, antes mesmo de completar 40 anos de idade.

O ideal é fazer um planejamento de 3 a 6 meses (nacional) e 6 a 12 meses (internacional) antes da viagem, para aproveitar as boas ofertas do mercado. Usar sempre um buscador para achar o preço mais interessante, como Sky Scanner, Kayak e Google Flights. Às vezes, uma combinação das informações dessas plataformas traz boas compras.

Procurar as companhias que têm parcerias com as ccompanhias aéreas internacionais e tenham preços tabelados também costuma ser eficiente. Você pode usar suas milhas para viajar na companhia parceira por um valor fixo bastante atraente. Por exemplo: a American Airlines tem parceria com a Gol. Qualquer passagem deles para viajar dentro do Brasil é 8.500 milhas. E lá fora, tem passagem aéreas por 30 mil, 40 mil milhas viajando de classe executiva. Esta é uma excelente estratégia para viajar barato e com conforto. É bom ficar de olho nessas alianças e parcerias.

É comum também o pensamento de que o cartão de crédito faz você gastar mais dinheiro, mas quem tem planejamento em milhas não pensa assim. Se você conseguir escolher um bom cartão de crédito e pagar suas contas do dia a dia com ele, vai acumular mais pontos e pode transferir para milhas nas janelas de oportunidades que o mercado oferece o tempo todo. Então, você consegue acumular um volume expressivo de milhas e adquirir sua passagem aérea gastando muito pouco ou nada. Não é uma questão de sorte e de tempo sobrando, mas usar as técnicas certas a seu favor, para não pagar caro e nem correr riscos desnecessários comprando nessas promoções onde o barato pode sair muito caro.

*Rodrigo Góes, engenheiro mecânico, especialista em milhas aéreas e em cartão de crédito, fundador da Fábrica de Milhas (empresa especializada em treinamentos para acúmulo de milhas) e autor do livro O mapa para acumular 1 milhão de milhas